Rúben Amorim, tal como tinha prometido, respondeu a todas as perguntas sobre a decisão de sair do Sporting a meio da temporada para assinar pelo Manchester United. O técnico português, após a vitória do Sporting por 5-1 frente ao Estrela da Amadora, explicou tudo o que aconteceu nos últimos tempos.
Saída do Sporting:
“Não consigo dizer muito. É uma fase das pessoas sentirem o que têm de sentir. Queria explicar a situação. No início da época e o presidente está aí para confirmar, tive uma conversa com ele e com o Viana, e disse que, acontecesse o que acontecesse, que era a minha última época no Sporting. A época começou e começámos a fazer uma época muito boa. O United apareceu, pagou a cláusula, acima da cláusula e o presidente defendeu os seus interesses. Nunca discuti nada com o presidente. O único pedido que eu fiz era que fosse no final da época e disseram-me que não era possível, que era agora ou nunca. Tive 3 dias para decidir sobre algo que muda por completo a minha vida. Não é a primeira vez que eu tenho a minha cláusula paga por outro clube. Nem a segunda. Eu queria aquele clube e aquele contexto. É igualzinho ao Sporting. Custa-me muito sair. Mais a mim do que a qualquer sportinguista.
Não houve confusão nenhuma. Temos de salvaguardar os interesses de cada um. Eu, longe de me fazer de coitadinho, tive que, nesta zona morta, a única pessoa que está aqui sou eu. Eu disse que ficava os jogos que fossem preciso. Eu não disse nada mais cedo porque não podia. A decisão é assim. Apareceu o clube que eu sabia que se rejeitasse que daqui a seis meses não iria ter. E sabia que daqui a seis meses ia saber que não ia estar no Sporting. O único clube que eu quero e que mexeu comigo. Chegou a uma altura que tive de decidir e decidi. Agora vou muito mais descansado para casa. Eu ganhava três vezes mais com o último clube que pagou a minha cláusula. Dei tudo o que tinha pelo clube.”
Faz sentido fazer os 3 jogos já tendo assinado?
“Ficar ou ir, para mim, tenho de fazer aquilo que o Sporting decide. Eu prefiro assim. Não deixo os jogadores na mão. Frente ao Nacional senti-os mais ansiosos porque senti que eles não sabiam com o que contar. Fico com todo o gosto e não deixo os meus jogadores na mão. Quanto ao United, não falei com ninguém, nem jogadores. Estou totalmente focado.”
Houve algum momento em que pensou em ficar?
“Várias vezes. Mudei várias vezes de opinião. A minha preocupação é não prejudicar a equipa do Sporting, depois lá se vê. Depois lá terei essa preocupação quando estiver no United.”
Vai levar o staff consigo?
“Falando disso, vou levar o meu staff, mas teremos tempo para falar sobre isso. Sempre foi uma das condições. Vimos juntos desde o Casa Pia. Essa decisão ultrapassou-me. Estou cá para defender o Sporting até Braga”
Vai levar algum jogador do Sporting?
“O Gyökeres custa 100 milhões e é muito difícil. Não vou buscar nenhum jogador do Sporting em janeiro. O que significa para mim? Foi a melhor fase da minha vida. Toda a gente no Sporting sabe a importância que teve para mim. Percebo a desilusão dos adeptos e que sair a meio de uma época que pode ser histórica… Mas hoje não é a despedida, ainda temos dois jogos importantes com o City e com o Braga, para mantermos a liderança.”
Que projeto apresentou o Manchester? O que faltou no Sporting?
“Sobre o Manchester vamos falar depois. O que ficou por fazer no Sporting foi ganhar todos os títulos que devíamos ter ganho. A Supertaça, a Taça de Portugal que não vencemos, tenho a convicção que vamos ser bicampeões. Tornámo-nos muito competitivos. Lançámos muito jogadores. Parece que me estou já a despedir, mas ainda temos dois jogos.”
Condições que o Sporting ganhou para o ver sair nesta altura:
“Não vou comentar coisas do nosso contrato, é entre mim e o Sporting. Sobre a estrutura e estabilidade, não foi só o treinador, foi toda a gente no Sporting. Tudo aqui melhorou. Queria relembrar que não estou aqui há um ano. Não fui embora no primeiro ano em que fomos campeões, nem quando fomos depois para o 4.º lugar, nem quando fomos campeões pela segunda vez, apesar do avião… Daqui a sete meses estaria fora do Sporting acontecesse o que acontecesse. Apareceu o clube e o contexto que eu queria. O clube vai continuar a ganhar.”
Anúncio oficial:
“Não são os treinadores que anunciam as coisas ou não, apenas queria a minha possibilidade de explicar as coisas. Fico feliz por ter aqui a oportunidade de explicar. Tivemos azar de haver jogo e isso são coisas que não se controlam.”
João Pereira para futuro treinador?
“Não houve revolta nenhuma, mas que ficaram tristes e ansiosos, e que se sente um ambiente diferente… eu falei com todos eles mesmo antes de serem contratados. Criámos uma relação com os jogadores e obviamente que foi difícil. Não houve revolta nenhuma, eles sabem que o treinador sou eu e que até Braga sou eu que mando, se quiserem jogar. É o clube que tem de anunciar o próximo treinador, mas até Braga sou eu.